Kamatxi pertence ao povo Ikpeng. Nasceu em 1988 na aldeia Moygu, na Terra Indígena do Xingu, estado de Mato Grosso, Brasil. Quando criança, atuou no documentário Marangmotxingmo Mïrang (Das Crianças Ikpeng para o Mundo). O filme foi uma resposta das crianças ikpeng à vídeo-carta das crianças cubanas da Sierra Maestra, realizado pela TV Serrana.
Com o tempo, assistindo mais filmes e vendo os realizadores da sua aldeia trabalhar se interessou em aprender a filmar. Em 2008 começou suas primeiras filmagens gravando apresentações culturais e festas na aldeia.
Com a criação da MAWO, a Casa de Cultura Ikpeng, em 2008 – um espaço de formação, pesquisa, registro e divulgação da cultura ikpeng – Kamatxi integrou a equipe de audiovisual e participou como técnico de áudio na gravação do CD Yumpuno Eremrï (Os Cantos do Yumpuno), e como codiretor e câmera do filme Tximna Yukunang Som (Gravando Som). O documentário é um retrato do ritual Yumpuno, uma etapa importante da formação dos Ikpeng em que deixam a infância e aprendem a ser guerreiros. Em 2012, Kamatxi tornou-se coordenador da MAWO e começou a formar jovens Ikpeng em audiovisual.
Em 2014 integrou a equipe de filmagem e de edição do documentário sobre o processo de implantação da MAWO, projeto conduzido pelos próprios Ikpeng em parceria com o Instituto Catitu onde são realizadas oficinas de formação audiovisual, de iniciação digital e produção de filmes. Dentro dela também funciona o Centro de Documentação da Cultura Ikpeng, com uma base de dados digital pensada e escrita na língua materna.
Em 2019, Kamatxi realiza um novo filme, Yarang Mamin, sobre as coletoras de sementes Ikpeng que fazem parte da Rede de Sementes do Xingu para reflorestar as matas degradadas em redor da Terra Indígena do Xingu. O filme retrata o trabalho delicado e minucioso das mulheres aliado ao conhecimento tradicional ecológico do território em que vivem.